Finalmente o primeiro mapeamento em torno de um peixe-lua! E a busca de um local para lançar o UAV na costa.
Finalmente, fomos atrás de uns nossos objetivos estimados. Na terça-feira dia 13, cortesia da Marinha Portuguesa, não só fomos para o mar, mas também seguimos um primeiro conjunto de Mola com os nossos AUVs. 2.5 mapeamentos no total, o primeiro foi uma área de 500m x 500m interrompido por um erro de navegação no Xplore-1. Dados e registo foram recolhidos e estão a ser analisados aqui e no Porto.
A equipa AUV partiu muito cedo às 6h15 para conduzir até Vilamoura para entrar a bordo do NRP Argos, uma lancha rápida da Marinha Portuguesa. Este bebé movia-se a uma velocidade de 16 nós e numa hora chegamos ao local guiados pela equipa da costa que monitorizava qualquer peixe que emergisse. Para surpresa de todos dois Mola com marcadores ARGOS emergiram a cerca de 15 Km da costa de Olhão; surpresa porque muitos de nós já tínhamos desistido dos marcadores Argos e estávamos a confiar nos SPOTs para nos ajudarem na experiência. Afinal não foi assim! Melhor ainda, os Mola mergulharam algumas vezes e voltaram à tona. Peixes-lua marcados com ARGOS-163 e ARGOS-164 tinham 52 cm e 72 cm de comprimento respetivamente. Não só foi uma surpresa que os Mola maiores tenham emergido, como mantiveram-se à superfície. O 163 encontrava-se mais a Sul, e por isso a equipa de terra (Nuno e Kanna) pediram para seguir o 164 mais a noroeste e mais fácil de alcançar para o NRP Argos. E assim o fizeram. De forma sucinta, um mapeamento rápido de 500m x 500m foi executado, com todos a respirar de alívio. Melhor ainda, na noite anterior foi discutida a possibilidade de haver um “corredor de peixes lua” na área. Quando uma nova posição do 164 foi obtida a 2 Km (estes peixes podem nadar 15 km por dia!) em direção a norte-nordeste, uma linha transversal a este corredor apareceu. Da costa pediram e a tripulação agiu em conformidade e o Xplore-1 atravessou os 2 Km com um ioiô, sem dúvida a recolher informação científica valiosa. Um segundo mapeamento com maior resolução (é possível definir uma maior interpolação de pontos) de 1km x 1km foi comandado via Iridium a partir do navio pelo Zé Pinto com o T-REX, que foi devidamente executado. Por esta alturam eram quase 12h 45 com o mapeamento de 1 km a levar quase 1hora e 20 minutos.
O navio e costa comunicaram e ficou decidido que seria cientifamente apropriado recolher novas amostras tendo o mesmo peixe como alvo, tendo como base a nova posição à superfície do nosso novo amigo, o Sr Mola-164. O Argos deslocou-se um pouco mais para o lado, e o Xplore moveu-se cerca de 1km e começou o que seria o úlltimo mapeamento do dia. A cerca de 2/3 , com Zé e João a usar sinais de localização sonoros perceberam que o Xplore se dirigia na direcção a eles!!
Testes repetidos só serviram para mostrar que o veículo se aproximava cada vez mais. Não houve outra alternativa do infelizmente abortar a missão. Que eficazmente se fez. Também era quase altura de recuperar o veículo (ver o método de lançamento e recuperação no vídeo acima). Os registos estão agora a ser analisados, mas parece que sem o DVL (e distância fixa ao fundo) e erro de navegação a ocorrerem apenas com a bússola, é provável que a calibração da bússola seja a causa.
Uma palavra sobre a Marinha, herdeiros orgulhosos do legado de nações que se aventuraram nos mares. Não só o Argos era um navio soberbo para executar operações com AUVs, mas a tripulação era perspicaz, profissional e capaz de executar as coisas de forma descontraída. Essencialmente foi-nos dada permissão para fazermos o que fosse preciso para a experiência funcionar. E por isto temos muito que agradecer à tripulação deste navio, em particular ao Capitão-Tenente Madaleno Galocha, Op's Div. CN32 do Comando naval Português em Lisboa. Ele fez tudo parecer muito fácil!
Entretanto, a equipa UAV para não se sentir excluída, e também de olho na sua consola Neptus, tiveram a licença do Coordenadores da experiência para procurar o local na costa para potencialmente lançar e operar o X8 até uma alcance de 10 km sobre potencial Mola marcados. Assim foram procurar locais pelas poeirentas estradas costeiras, através de pequenos caminhos a tentar chegar à costa rapidamente. E conseguiram encontrar alguns locais. Mas o vento estava-se a levantar e Javier e Francisco alertaram a equipa para brisa na costa que poder-se-ia agravar e interromper as operações de quinta-feira. Uma vez que seria necessária a autorização da guarda costeira e seria dificilmente obtida com rapidez, a equipa UAV rapidamente reconsiderou e voltaram ao programa de voos de teste. O X8-04 rapidamente levantou voo de Vila Real de Santo António mesmo com o vento a tornar-se mais forte e a equipa Argos voltava para a doca em Olhão. Mas a natureza estava um passo à frente e depois de encontrar fortes ventos frontais, a equipa UAV com o leve X8 praticamente todo feito de isopor, decidiu arrumar as coisas e voltar a casa já o dia ia longo.
Todos se juntaram na quinta por vota das 19h para nos congratularmos pelo nosso primeiro sucesso mas com a sombra do Diplodus ainda a pairar sobre nós. Lembrem-se que a comunicação satélite está lá presa, e para voar um UAV de um navio, era o Diplodus que tínhamos preparado. Operações de UAVs a partir do Argos não são possíveis devido a restrições de espaço, mesmo que seja de longe um navio mais confortável e com um tripulação mais disciplinada.
O dia terminou com uma celebração improvisa do aniversário do Frédéric (lembrem-se que estamos em Portugal e a comida e tudo á volta dela, é uma parte importante da visa) que resultou em três bolos (não um) a serem servidos. A competição com os espanhóis por ver quem comia mais já ia avançada! E com isso retiramo-nos todos com esperança de podermos repetir a nossa pesquisa com AUVs amanhã, quarta-feira