Identificação de Peixes – Como e Porquê
Estudos recentes de telemetria por satélite mostraram que a distribuição e movimentação sazonal de peixes-lua (Mola mola) que se alimentam perto da base da cadeia alimentar (i.e. de zooplankton gelatinoso), são um indicador útil de áreas oceânicas altamente produtivas, onde outros predadores tróficos de nível superior de grande valor comercial ou em situação de risco são encontrados. Assim, os dados sobre o uso do habitat dos peixes-lua poderá contribuir para o futuro desenho de novas reservas marinhas através do mapeamento dos hot-spots de várias espécies. As nossas pesquisas anteriores sobre os peixes-lua forneceram a primeira informação disponível no mundo, sobre o comportamento e movimentação sazonal no Nordeste Atlântico. Peixes-lua identificados mostraram um padrão de mergulho diurno, aparecendo perto superfície à noite e em maior profundidade durante o dia, incluído repetidos mergulhos abaixo da termoclina, sugerindo que os peixes-lua estariam seguindo presas de migração vertical. Encontramos ainda evidências da optimização de comportamento de procura por presas distribuídas em diferentes ambientes. As movimentações horizontais destes peixes são consistentes com os padrões de migração sazonal para altas latitudes e subsequente retorno a sul em resposta a alterações da temperatura da superfície do mar.
As nossas implantações anteriores de GPS em peixes-lua, foram bem sucedidas e representam a primeira demostração a longo prazo (> 170 dias) de seguimento por satélite de grandes peixes pelágicos. Mais importante ainda, o seguimento de peixes-lua por GPS proporcionou as faixas espaciais de maior resolução adquiridas de um peixe marinho. Isto permitiu a aplicação de análises robustas das formas destas faixas, e assim, a descrição do movimento e comportamento a uma escala bastante menor do que conseguido anteriormente.
Apesar destes achados importantes, Existe ainda a necessidade de ligar este comportamento específico dos peixes identificados com o seu ambiente imediato. Isto será possível através da combinação de faixas de deslocamento mais exactas, dados oceanográficos in situ (enviando em simultâneo AUV’s para as imediações do peixe identificado), e identificação segura de pequenas variações de comportamento na procura de alimento.
Criticamente, compreender a resposta do peixe-lua às variações espaciais e ambientais da distribuição das suas presas é essencial para determinar de que forma um predador pode responder a alterações ambientais.